Teorema da recorrência de Poincaré

Na física, o teorema de recorrência de Poincaré afirma que certos sistemas, após um tempo suficientemente longo, finito, retornarão para um estado muito próximo ao estado inicial. O tempo de recorrência de Poincaré é o período de tempo decorrido até a recorrência (esta por sua vez pode variar muito dependendo do estado inicial exato e do grau de proximidade requerido). O resultado aplica-se a sistemas mecânicos isolados sujeitos a algumas restrições, por exemplo, todas as partículas devem estar ligadas a um volume finito. O teorema é comumente discutido no contexto da teoria ergódica, sistemas dinâmicos e mecânica estatística.

O teorema tem o nome de Henri Poincaré que o propôs inicialmente em 1890[1] e que foi provado por Constantin Carathéodory usando a teoria das medidas, em 1919.[2]

Teorema

Seja T {\displaystyle T} uma transformação que preserva volume em um espaço de volume finito. Então para uma vizinhança U {\displaystyle U} qualquer existe um ponto x U {\displaystyle x\in U} tal que T n ( x ) U {\displaystyle T^{n}(x)\in U} para algum n {\displaystyle n} suficientemente grande, e o conjunto de pontos de U {\displaystyle U} que nunca retornam a U {\displaystyle U} tem medida zero.[3]

Demonstração

Considere as imagens U , T ( U ) , T 2 ( U ) {\displaystyle U,T(U),T^{2}(U)\dots } . Note que como T {\displaystyle T} preserva volume, então todas tem o mesmo volume. Além disso, como o volume inicial era finito, então algumas imagens se interceptam, então existem l > k 0 {\displaystyle l>k\geq 0} tal que T l ( U ) T k ( U ) {\displaystyle T^{l}(U)\cap T^{k}(U)\neq \emptyset } então T l k ( U ) U {\displaystyle T^{l-k}(U)\cap U\neq \emptyset } e portanto existe ponto x U {\displaystyle x\in U} onde T l k ( x ) U {\displaystyle T^{l-k}(x)\in U} . Isso prova a primeira parte.[3]

Para a segunda parte considere V {\displaystyle V} o conjunto de pontos de U {\displaystyle U} que nunca retornam a U {\displaystyle U} , então V , T ( V ) , T 2 ( V ) {\displaystyle V,T(V),T^{2}(V)\dots } precisa formar um conjunto disjunto. Como T {\displaystyle T} preserva volume, então se V {\displaystyle V} tivesse volume não nulo, teríamos que n N T n ( V ) {\displaystyle \cup _{n\in N}T^{n}(V)} teria volume infinito, mas por hipótese T {\displaystyle T} está definida em um espaço de volume finito, portanto o volume de V {\displaystyle V} tem que ser zero.[3]

Referências

  1. H. Poincaré (1890). «Sur le problème des trois corps et les équations de la dynamique». Acta Math. 13: 1–270  Œuvres VII 262–490 (theorem 1 section 8)
  2. Carathéodory, C. (1919) "Über den Wiederkehrsatz von Poincaré". Berl. Sitzungsber. 580–584; Ges. math. Schr. IV 296–301
  3. a b c Geometry and Billiards, Sege Tabachnikov, [1]
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