Francisco Felisberto Dias Costa

Francisco Felisberto Dias Costa
Francisco Felisberto Dias Costa
Nascimento 9 de fevereiro de 1853
Lisboa
Morte 15 de março de 1913
Lisboa
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Alma mater
  • Academia Militar
Ocupação oficial, político
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Francisco Felisberto Dias Costa (Lisboa, 9 de fevereiro de 1853 — Lisboa, 15 de março de 1913) foi um oficial de engenharia do Exército Português, lente da Escola do Exército e do Instituto Industrial e Comercial de Lisboa. Militante do Partido Progressista, exerceu importantes funções políticas, entre as quais as de deputado, par do reino, Ministro da Marinha e Ultramar do 48.º governo da Monarquia Constitucional (em funções de 8 de novembro de 1897 e 18 de agosto de 1898) e Ministro do Reino do 60.º governo da Monarquia Constitucional (em funções de 22 de dezembro de 1909 a 26 de junho de 1910).[1][2]

Biografia

Nasceu em Lisboa, filho de Anna do Carmo Castagna, originária de uma rica família ítalo-inglesa estabelecida na ilha de Malta, e de Francisco Felisberto Dias Costa, abastado comerciante oriundo de Braga, dos quais ficou órfão aos cinco anos de idade quando ambos faleceram em 1858 vítimas da epidemia de febre amarela.[2]

Concluídos os estudos liceais em Lisboa, a 11 de outubro de 1869, com 16 anos de idade assentou praça, como voluntário, no Exército. Ingressou seguidamente no Curso Geral da Escola Politécnica de Lisboa, que concluiu em 1876, e depois no curso de Engenharia Militar da Escola do Exército, que concluiu em 1879. Na sua carreira militar foi sucessivamente promovido a alferes (1871), tenente (1876), capitão (1887), major (1902), tenente-coronel (1904), terminando no posto de coronel ao qual foi promovido em 25 de outubro de 1910. Embora oficial de engenharia militar, dedicou quase toda a sua carreira profissional ao ensino, à administração de empresas e à actividade política.

No campo pedagógico, foi um dos membros da comissão nomeada pelo Ministro da Guerra para reestruturar o Colégio Militar e reorganizar o seu ensino de forma a equiparar os seus estudos àqueles que eram então ministrado nos liceus centrais. Nomeado professor da Escola do Exército em 1882, distinguiu-se pela elaboração de um manual de legislação militar especificamente destinado ao ensino da respectiva cadeira. Também foi lente no Instituto Industrial e Comercial de Lisboa e, a partir de 1911, do Instituto Superior Técnico.[2]

No campo da administração de empresas, foi um dos directores do Montepio Geral, cargo que ocupou nos anos de 1883 e 1884,[3] e administrador da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses de 1905 até falecer.

Na política, foi militante do Partido Progressista, tendo sido em 1894 um dos subscritores do manifesto da Liga Liberal. Apesar de não ser tido como um político especialmente influente, era considerado, nas palavras de Raul Brandão, como um homem «severo e taciturno» que exercia as funções políticas «como um soldado».[4] Apesar disso, devido à sua fidelidade a Luciano de Castro, o líder do Partido Progressista, teve uma rápida ascensão política e partidária que lhe permitiu uma muito longa carreira parlamentar. Nessa carreira, foi eleito deputado pela primeira vez em 1889, nas listas do Partido Progressista no círculo uninominal de Arouca, região onde se tornou especialmente influente, sendo por aquele círculo sucessivamente eleito deputado nas eleições gerais de 1890, 1892, 1894, 1897, 1899 e 1900. Nas eleições gerais de 1901 e de 1904 foi eleito pelo círculo plurinominal de Aveiro. Terminou a sua carreira como deputado ao ascender a par do reino, sem direito a sucessão, a 4 de abril de 1905, mantendo-se activo na Câmara dos Pares até à sua extinção em 1910 em resultado da implantação da República Portuguesa.

Na Câmara dos Deputados pertenceu a mais de 30 comissões parlamentares e foi líder da bancada do Partido Progressista de 1900 a 1904, período em que aqule partido era a principal oposição ao governo de Hintze Ribeiro. Apesar da diversidade de comissões a que pertenceu, centrou a sua actividade parlamentar nas questões militares e no ensino técnico, matérias que eram a sua área de especialidade, embora tenha participado em debates sobre muitas outras questões, indo desde questões financeiras, como a questão do bimetalismo na moeda e as regras de negociação de títulos e obrigações, a questões fiscais, como o monopólio do fabrico e venda de fósforos e dos tabacos, à dívida externa e a diversas questões coloniais.[2]

Após a sua ascensão ao pariato foram raras as suas intervenções, apenas merecendo destaque a resposta a Jacinto Cândido sobre a admissão de operários nas oficinas militares e a defesa da acção colonizadora portuguesa.

Para além da sua actividade parlamentar teve funções ministeriais e na alta administração do Estado, tendo sido Ministro da Marinha (1897-1898), Ministro do Reino (1909-1910), Director-Geral do Ultramar e secretário-geral do Ministério da Marinha, cargo para o qual foi nomeado por Decreto de 9 de novembro de 1899. Foi também vogal do Tribunal de Contas.

No Ministério da Marinha esteve em funções entre 8 de novembro de 1897 e 18 de agosto de 1898, substituindo no cargo Barros Gomes. Nestas funções, e como director-geral do Ultramar, adoptou medidas tendentes à ocupação e evangelização dos territórios coloniais, empreendeu a reforma do Colégio das Missões de Cernache do Bonjardim, processo em que contou com o apoio de D. António Barroso. Discordou de Mouzinho de Albuquerque quanto à política a seguir na administração ultramarina, tendo demitido aquele prestigiado oficial do cargo de governador-geral de Moçambique, na sequência de um telegrama pouco correcto por ele enviado.

A sua passagem pelo Ministério do Reino ocorreu já no declinar do regime monárquico, tendo exercido essas funções no penúltimo governo da Monarquia, presidido por Veiga Beirão, estando em funções de 22 de dezembro de 1909 a 26 de junho de 1910.

Após a implantação da República declarou «a mais absoluta lealdade ao novo regime» mantendo-se até 30 de junho de 1911 como vogal do Tribunal de Contas. Mesmo após a sua saída dquele tribunoal, reafirmou a sua adesão ao regime republicano a 16 de outubro de 1912.[2]

Obras

  • Discurso proferido na Câmara dos Senhores Deputados. Lisboa, 1890;
  • Discurso proferido na sessão solene de abertura da Escola do Exército 1896-1897. Lisboa, 1896;
  • Institut industriel et commercial de Lisbonne. Histoire, organisation, enseignement. Lisboa, 1900 (publicação destinada à Exposição Universal de 1900 realizada em Paris);
  • Instruction publique en Portugal. L'école de l'armée de Lisbonne. Histoire, enseignement, organisation. Lisboa, 1900 (publicação destinada à Exposição Universal de 1900 realizada em Paris).

Referências

  1. Politipédia: Costa, Francisco Felisberto Dias (n. 1853).
  2. a b c d e Famílias de Leiria: Francisco Felisberto Dias Costa.
  3. Vasco Rosendo, Montepio Geral. 150 Anos de História (1840-1990). Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 1990.
  4. Raul Brandão, Memórias, vol. I, Lisboa, 1925.
Controle de autoridade
  • Wd: Q106963384
  • WorldCat
  • VIAF: 99890593
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José Luciano de Castro, 43.º chefe de governo de Portugal
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Reino
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e de Justiça
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Marinha e Ultramar
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Negócios Estrangeiros
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Obras Públicas, Comércio
e Indústria
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Ministros e
Secretários de Estado
Reino
Francisco Felisberto Dias Costa
Negócios Eclesiásticos
e de Justiça
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Fazenda
Guerra
Marinha e Ultramar
Negócios Estrangeiros
Obras Públicas, Comércio
e Indústria
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Luís Mouzinho de Albuquerque António César de Vasconcelos Correia (interino) José António Ferreira Brak-Lamy José Dionísio da Serra Marquês de Palmela (interino) Luís Mouzinho de Albuquerque (interino) Marquês de Palmela (interino; continuação) Luís Mouzinho de Albuquerque (2.ª vez) Bernardo de Sá Nogueira Cândido José Xavier Joaquim António de Aguiar Bento Pereira do Carmo Francisco de São Luís Saraiva Agostinho José Freire João de Sousa Pinto de Magalhães Rodrigo da Fonseca Visconde de Sá da Bandeira (interino) Luís Mouzinho de Albuquerque (3.ª vez) Agostinho José Freire (2.ª vez) Passos Manuel Visconde do Banho (não empossado) Passos Manuel (reconduzido) António Dias de Oliveira Júlio Gomes da Silva Sanches João de Oliveira António Fernandes Coelho • Júlio Gomes da Silva Sanches (2.ª vez) Rodrigo da Fonseca (2.ª vez) Joaquim António de Aguiar (2.ª vez) Joaquim António de Magalhães Junta Provisória de Governo Luís Mouzinho de Albuquerque (4.ª vez) Conde de Tomar Duque da Terceira (interino) Conde de Tomar (continuação) José Bernardo da Silva Cabral (interino) Conde de Tomar (continuação) Duque de Palmela (2.ª vez) Luís Mouzinho de Albuquerque (5.ª vez) Duque de Palmela (3.ª vez) Visconde de Oliveira Francisco Tavares de Almeida Proença António de Azevedo Melo e Carvalho Bernardo Gorjão Henriques Duque de Saldanha José Marcelino de Sá Vargas (interino) Duque de Saldanha (continuação) Conde de Tomar (2.ª vez) Félix Pereira de Magalhães (interino) Conde de Tomar (2.ª vez; continuação) Félix Pereira de Magalhães (interino) Barão da Luz (interino) Duque de Saldanha (2.ª vez) José Ferreira Pestana Rodrigo da Fonseca (3.ª vez) Marquês de Loulé (interino) Júlio Gomes da Silva Sanches (3.ª vez) Marquês de Loulé António Maria de Fontes Pereira de Melo Marquês de Loulé (2.ª vez) Anselmo José Braamcamp (interino) Marquês de Loulé (3.ª vez) Marquês de Sabugosa Júlio Gomes da Silva Sanches (4.ª vez) Joaquim António de Aguiar (3.ª vez) João Martens Ferrão Conde de Ávila (interino) António Alves Martins Duque de Loulé (4.ª vez) Duque de Saldanha (3.ª vez; interino) António Rodrigues Sampaio José Dias Ferreira (inicialmente interino) António Alves Martins (2.ª vez) Carlos Bento da Silva (interino) António Alves Martins (2.ª vez; continuação) Marquês de Ávila (2.ª vez; inicialmente interino) António Rodrigues Sampaio (2.ª vez) António Maria de Fontes Pereira de Melo (interino) António Rodrigues Sampaio (2.ª vez; continuação) António Maria de Fontes Pereira de Melo (interino) António Rodrigues Sampaio (2.ª vez; continuação) António Maria de Fontes Pereira de Melo (interino) António Rodrigues Sampaio (2.ª vez; continuação) Marquês de Ávila (3.ª vez) António Rodrigues Sampaio (3.ª vez) António Maria de Fontes Pereira de Melo (interino) António Rodrigues Sampaio (3.ª vez; continuação) António Maria de Fontes Pereira de Melo (interino) António Rodrigues Sampaio (3.ª vez; continuação) José Luciano de Castro António Rodrigues Sampaio (4.ª vez) Tomás Ribeiro António Serpa (interino) Tomás Ribeiro (continuação) António Serpa (interino) Tomás Ribeiro (continuação) Augusto César Barjona de Freitas José Luciano de Castro (2.ª vez) António Serpa António Cândido Lopo Vaz de Sampaio e Melo Mariano de Carvalho (interino) Lopo Vaz de Sampaio e Melo (continuação) José Dias Ferreira (2.ª vez; interino) António Teles de Vasconcelos (interino) José Dias Ferreira (2.ª vez; continuação; interino) João Franco José Luciano de Castro (3.ª vez) Ernesto Hintze Ribeiro Luís Augusto Pimentel Pinto (interino) Ernesto Hintze Ribeiro (continuação) António Augusto Pereira de Miranda Eduardo José Coelho Ernesto Hintze Ribeiro (2.ª vez) João Franco (2.ª vez) Francisco Ferreira do Amaral Artur de Campos Henriques Alexandre Cabral Venceslau de Lima Francisco Felisberto Dias Costa • António Teixeira de Sousa

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Luís Mouzinho de Albuquerque António César de Vasconcelos Correia (interino) Joaquim de Sousa Quevedo Pizarro Agostinho José Freire (interino) Luís Mouzinho de Albuquerque (2.ª vez) Bernardo de Sá Nogueira José da Silva Carvalho (interino) Marquês de Loulé (interino) Agostinho José Freire (2.ª vez; interino) Francisco Margiochi Agostinho José Freire (3.ª vez) Conde de Vila Real Conde de Linhares Marquês de Loulé (2.ª vez) António Aloísio Jervis de Atouguia Visconde de Sá da Bandeira (2.ª vez) Manuel Gonçalves de Miranda António César de Vasconcelos Correia (não empossado) Conde de Lumiares (interino) José Xavier Bressane Leite (não empossado) António Vieira de Castro Visconde de Sá da Bandeira (3.ª vez; interino) Visconde de Bóbeda (2.ª vez; interino) Visconde de Sá da Bandeira (não empossado) Visconde de Bóbeda (2.ª vez cont.; interino) João de Oliveira (interino) Barão do Bonfim Visconde de Sá da Bandeira (4.ª vez; interino) Barão de Sabrosa (interino) Francisco Aguiar Ottolini • Conde do Bonfim (interino) Conde de Vila Real (2.ª vez) Conde do Bonfim (2.ª vez; interino) Manuel Gonçalves de Miranda (2.ª vez) Conde do Bonfim (3.ª vez; interino) José Ferreira Pestana António Aloísio Jervis de Atouguia (2.ª vez) Junta Provisória de Governo José Jorge Loureiro António José Campelo • Barão do Tojal (interino) Joaquim José Falcão (inicialmente interino) Duque da Terceira (interino) Luís Mouzinho de Albuquerque (não empossado) José Jorge Loureiro (2.ª vez) Luís Mouzinho de Albuquerque (3.ª vez) Manuel de Portugal e Castro Conde do Tojal (2.ª vez; interino) João de Fontes Pereira de Melo Agostinho Albano • Barão de Vila Nova de Ourém Visconde de Castro (interino) Barão de Vila Nova de Ourém (2.ª vez; interino) Flórido Rodrigues Pereira Ferraz • Barão de Francos (interino) Barão da Luz (interino) Marquês de Loulé (3.ª vez) António Maria de Fontes Pereira de Melo Visconde de Atouguia (3.ª vez) Visconde de Sá da Bandeira (5.ª vez) Adriano Ferreri • António Maria de Fontes Pereira de Melo (2.ª vez; interino) José Marcelino de Sá Vargas Carlos Bento da Silva José da Silva Mendes Leal João Crisóstomo (interino) Duque de Loulé (4.ª vez) Marquês de Sá da Bandeira (6.ª vez; interino) Visconde da Praia Grande de Macau José Rodrigues Coelho do Amaral José Maria Latino Coelho Luís Augusto Rebelo da Silva Duque de Saldanha (interino) António da Costa • Luís da Câmara Leme Marquês de Sá da Bandeira (7.ª vez; interino) José de Melo Gouveia Jaime Moniz João de Andrade Corvo (interino) José de Melo Gouveia (2.ª vez) Tomás Ribeiro João de Andrade Corvo (interino) Marquês de Sabugosa Anselmo José Braamcamp (interino) Visconde de São Januário Júlio de Vilhena José de Melo Gouveia (3.ª vez) José Vicente Barbosa du Bocage Júlio de Vilhena (interino) José Vicente Barbosa du Bocage (continuação) Manuel Pinheiro Chagas Henrique de Macedo Henrique de Barros Gomes (interino) Henrique de Macedo (continuação) Henrique de Barros Gomes (interino) Henrique de Macedo (2.ª vez) Henrique de Barros Gomes (2.ª vez; interino) Frederico Ressano Garcia João Arroio Júlio de Vilhena (2.ª vez) António Enes Júlio de Vilhena (3.ª vez) Conde de Valbom (interino) Júlio de Vilhena (3.ª vez; continuação) Francisco Ferreira do Amaral João António das Neves Ferreira José Bento Ferreira de Almeida Jacinto Cândido Henrique de Barros Gomes (3.ª vez) Francisco da Veiga Beirão (interino) Henrique de Barros Gomes (3.ª vez; continuação) Francisco Felisberto Dias Costa • António Eduardo Vilaça António Teixeira de Sousa Manuel Rafael Gorjão Manuel Moreira Júnior António de Azevedo Castelo Branco Aires de Ornelas António Carlos Vasconcelos Porto (interino) Aires de Ornelas (continuação) Augusto de Castilho António Cabral João de Azevedo Coutinho Manuel da Terra Pereira Viana João de Azevedo Coutinho (2.ª vez) José Marnoco e Sousa

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