Análise complexa

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A análise complexa, também conhecida como a teoria das funções de variável complexa, é o ramo da matemática que investiga as funções de números complexos. Ela é útil em muitas áreas da matemática, incluindo geometria algébrica, teoria dos números, análise combinatória e matemática aplicada; além disso, ela é amplamente utilizada em vários ramos da física, como hidrodinâmica, termodinâmica e, em particular, mecânica quântica. Por consequência, o escopo teórico da análise complexa também possui aplicações nas várias divisões da engenharia, como nas engenharias nuclear, aeroespacial, mecânica e elétrica.

Já que uma função diferenciável de variável complexa é igual à soma de sua série de Taylor — isto é, também é uma função analítica — a análise complexa tem interesse particular nas funções analíticas de variável complexa, denominadas funções holomorfas.

Funções complexas

A teoria das funções de variável complexa tem como um de seus principais objetivos a extensão do cálculo diferencial e integral para o domínio dos números complexos.[1] Seja A um conjunto de números complexos. Se z {\displaystyle z} denota qualquer um dos números do conjunto A, então z {\displaystyle z} é denominado uma variável complexa. Se existe uma correspondência entre os valores da variável complexa z {\displaystyle z} para com uma outra variável complexa w {\displaystyle w} para cada valor possível de z {\displaystyle z} (elementos do conjunto A), então w {\displaystyle w} é uma função da variável complexa z no conjunto A e isto é denotado como w = f ( z ) . {\displaystyle w=f(z).} O conjunto A é usualmente algum domínio, chamado domínio de definição da função w . {\displaystyle w.}

Como todo número complexo pode ser escrito na forma z = a + b i , {\displaystyle z=a+bi,} em que a = R ( z ) , b = I m ( z ) {\displaystyle a=R(z),b=Im(z)} indicam a parte real e a parte imaginária do número complexo z, respectivamente, temos que é possível decompor a função complexa w = f ( z ) {\displaystyle w=f(z)} na forma f ( z ) = u ( x , y ) + i v ( x , y ) . {\displaystyle f(z)=u(x,y)+iv(x,y).} Como nas funções reais, existem diversas classes de funções que podem ser atribuídas às funções complexas, por exemplo:

P ( z ) = a 0 + a 1 z + a 2 z 2 + . . . + a n z n , {\displaystyle P(z)=a_{0}+a_{1}z+a_{2}z^{2}+...+a_{n}z^{n},} em que z é uma variável complexa, é uma função polinomial em variável complexa.

Limites de funções complexas

Ver artigo principal: Limite de uma função

Seja f (z) uma função complexa definida nas vizinhanças do ponto z0, sendo possivelmente não definida no próprio ponto z0. De forma análoga ao caso real, define-se o limite L dessa função quando a variável z tende ao ponto z0 como sendo o valor da qual ela se aproxima (caso este exista) conforme z fica arbitrariamente próximo de z0. Em linguagem matemática formal, diz-se que

lim z z 0 f ( z ) = L {\displaystyle \lim _{z\to z_{0}}f(z)=L} ,

se, para cada número ε > 0 existe um outro número δ > 0 com a propriedade de que a desigualdade | f (z) - L | < ε é válida para todos os valores de z tais que | z - z0 | < δ e zz0.[2] Nessa definição, as barras || representam o módulo de um número complexo, definido como |z| = x2 + y2 para z = x + yi, em que x e y são as partes real e complexa de z, respectivamente. Uma notação alternativa também utilizada para denotar um limite é f ( z ) L {\displaystyle f(z)\to L} para z z 0 {\displaystyle z\to z_{0}} .[2]

Algumas propriedades típicas dos limites de funções reais também podem ser aplicadas às funções complexas, por exemplo: 1) o limite da soma é igual a soma dos limites; 2) o limite do produto é igual ao produto dos limites; 3) o limite do quociente é igual ao quociente dos limites (dado que o denominador não seja 0); ...

As condições de continuidade para as funções complexas são as mesmas de uma função real.

Derivada de uma função complexa

Ver artigo principal: Derivada

Tomemos, à semelhança das funções reais, o limite lim Δ z 0 f ( z 0 + Δ z ) f ( z 0 ) Δ z = f ( z 0 ) = d f d z ( z 0 ) , {\displaystyle \lim _{\Delta z\to 0}{\frac {f(z_{0}+\Delta z)-f(z_{0})}{\Delta z}}=f'(z_{0})={\frac {df}{dz}}(z_{0}),} denominado "derivada" da função f {\displaystyle f} em relação a z {\displaystyle z} no ponto z 0 . {\displaystyle z_{0}.} Assim, como nas funções reais, uma função complexa tem de ser contínua em um ponto para que seja diferenciável neste ponto (mas a recíproca não é necessariamente verdadeira). As principais fórmulas de diferenciação empregadas nas funções reais tem sua versão análoga para as funções complexas.

Condições de Cauchy-Riemann

Ver artigo principal: Equações de Cauchy-Riemann

Suponha que a função f seja derivável em z 0 , {\displaystyle z_{0},} em que z 0 = x 0 + i y 0 : {\displaystyle z_{0}=x_{0}+iy_{0}:}

f ( z ) = u ( x , y ) + i v ( x , y ) {\displaystyle f(z)=u(x,y)+iv(x,y)}

f ( z ) = a + i b {\displaystyle f'(z)=a+ib}

Δ f = f ( z 0 + Δ z ) f ( z 0 ) {\displaystyle \Delta f=f(z_{0}+\Delta z)-f(z_{0})}

Δ u = u ( x 0 + Δ x , y o + Δ y ) u ( x 0 , y 0 ) {\displaystyle \Delta u=u(x_{0}+\Delta x,y_{o}+\Delta y)-u(x_{0},y_{0})}

e Δ v , {\displaystyle \Delta v,} para a mudança correspondente em v(x,y). Então lim Δ z 0 Δ f Δ z = lim Δ z 0 Δ u + i Δ v Δ x + i Δ y = a + i b {\displaystyle \lim _{\Delta z\to 0}{\frac {\Delta f}{\Delta z}}=\lim _{\Delta z\to 0}{\frac {\Delta u+i\Delta v}{\Delta x+i\Delta y}}=a+ib}

e também:

lim Δ x 0 , Δ y 0 Re ( Δ u + i Δ v Δ x + i Δ y ) = a {\displaystyle \lim _{\Delta x\to 0,\Delta y\to 0}{\text{Re}}\left({\frac {\Delta u+i\Delta v}{\Delta x+i\Delta y}}\right)=a}

lim Δ x 0 , Δ y 0 Im ( Δ u + i Δ v Δ x + i Δ y ) = b {\displaystyle \lim _{\Delta x\to 0,\Delta y\to 0}{\text{Im}}\left({\frac {\Delta u+i\Delta v}{\Delta x+i\Delta y}}\right)=b}

Em particular, quando Δ y = 0 , {\displaystyle \Delta y=0,} em que Δ z = Δ x , {\displaystyle \Delta z=\Delta x,} esses limites se tornam limites de funções de uma variável (\Delta x) de forma que:

lim Δ x 0 u ( x 0 + Δ x , y 0 ) u ( x 0 , y 0 ) Δ x = a {\displaystyle \lim _{\Delta x\to 0}{\frac {u(x_{0}+\Delta x,y_{0})-u(x_{0},y_{0})}{\Delta x}}=a}

lim Δ x 0 v ( x 0 + Δ x , y 0 ) v ( x 0 , y 0 ) Δ x = b {\displaystyle \lim _{\Delta x\to 0}{\frac {v(x_{0}+\Delta x,y_{0})-v(x_{0},y_{0})}{\Delta x}}=b}

ou seja, as derivadas parciais u x {\displaystyle {\frac {\partial u}{\partial x}}} e v x {\displaystyle {\frac {\partial v}{\partial x}}} com relação a x existem no ponto ( x 0 , y 0 ) {\displaystyle (x_{0},y_{0})} e

u x = a {\displaystyle {\frac {\partial u}{\partial x}}=a}
e
v x = b {\displaystyle {\frac {\partial v}{\partial x}}=b}

O procedimento análogo pode ser feito observando quando Δ x = 0 ( Δ z = i Δ y ) {\displaystyle \Delta x=0(\Delta z=i\Delta y)} de forma que existem as derivadas parciais com relação a y e são elas:

u y = b {\displaystyle {\frac {\partial u}{\partial y}}=-b}
e
v y = a , {\displaystyle {\frac {\partial v}{\partial y}}=a,}
no ponto ( x 0 , y 0 ) {\displaystyle (x_{0},y_{0})}

Dos dois procedimentos, chegamos às equações:

u x = v y {\displaystyle {\frac {\partial u}{\partial x}}={\frac {\partial v}{\partial y}}}

u y = v x {\displaystyle {\frac {\partial u}{\partial y}}=-{\frac {\partial v}{\partial x}}}

Que são as Condições de Cauchy-Riemann. Como f ( z ) = a + i b , {\displaystyle f'(z)=a+ib,} chegamos à expressão f ( z ) = u x + i v x = v y i u y , {\displaystyle f'(z)={\frac {\partial u}{\partial x}}+i{\frac {\partial v}{\partial x}}={\frac {\partial v}{\partial y}}-i{\frac {\partial u}{\partial y}},} no ponto ( x 0 , y 0 ) . {\displaystyle (x_{0},y_{0}).} Estabelece-se o Teorema:

Teorema. Se a derivada f ( z ) {\displaystyle f'(z)} de uma função f = u + i v {\displaystyle f=u+iv} existe num ponto z , {\displaystyle z,} então as derivadas parciais de primeira ordem, com relação a x {\displaystyle x} e y , {\displaystyle y,} de cada componente u {\displaystyle u} e v {\displaystyle v} devem existir naquele ponto e satisfazer as condições de Cauchy-Riemann. Além disso, f ( z ) {\displaystyle f'(z)} é dada em termos de suas derivadas parciais pela equação f ( z ) = u x + i v x = v y i u y . {\displaystyle f'(z)={\frac {\partial u}{\partial x}}+i{\frac {\partial v}{\partial x}}={\frac {\partial v}{\partial y}}-i{\frac {\partial u}{\partial y}}.}

Referências

  1. Ahlfors 1979, p. 21
  2. a b Ahlfors 1979, p. 22

Bibliografia

Wikilivros
Wikilivros
O Wikilivros tem um livro chamado Análise complexa
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